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“Tem gente que passa do nosso lado e não tem coragem de jogar o lixo dentro do carrinho”

No Dia do Gari, trabalhadores da limpeza falam um pouco sobre o dia a dia nas ruas, e chamam a atenção de quem descarta resíduos no chão

  • Criado: Terça, 16 de Maio de 2017, 10h13

gari 1Preparo físico, cuidado e muita disposição. É com esses atributos que 37 trabalhadores realizam diariamente a varrição de ruas, avenidas, praças e canteiros em Londrina. Indispensáveis na manutenção da limpeza pública, e fundamentais nas atividades de conservação da cidade desenvolvidas pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU), por meio da terceirizada ConservLimp, esses profissionais são homenageados em todo o Brasil nesta terça-feira, 16 de maio, Dia do Gari.

Apesar da diferença de idade, Antônio Pereira de Farias, de 63 anos, e Jair Ribeiro de Godoy, de 54, têm muito em comum. Os dois dividem o dia a dia de trabalho nas ruas da cidade há cerca de sete anos. Ambos têm no salário da varrição, cerca de R$ 1.450,00, a fonte de renda quase exclusiva para o sustento da família. “O dinheiro é suficiente. Não dá para ter luxo, mas é com ele que eu banco a minha casa”, afirmou. Antônio, pai de três filhos que, antes de atuar na limpeza pública, era operador de máquinas. “Por causa de dores no corpo, não posso mais trabalhador como operador ou em outros serviços desse tipo”, contou.

Jair, que substituiu a lida na roça pela varrição, calcula que chega a andar até 11 quilômetros num dia normal de trabalho, cujo expediente vai das 7 horas às 15h20. “É puxado, exige rapidez e preparo físico. Hoje mesmo, já percorremos toda a avenida Bandeirantes e agora vamos fazer a Duque”. Pai de dois filhos, ele não concorda com o discurso adotado por algumas pessoas para justificar a atitude de jogar lixo no chão. “Eles atiram sujeira no chão e falam que fazem isso porque senão a gente não teria emprego. Mas a verdade é que a cidade é grande e, se não tiver lixo num ponto, a gente fica livre para limpar outro local”, explicou.

Orgulho - Apesar do preconceito com que alguns tratam a profissão, Antônio e Jair afirmam não ter qualquer tipo de vergonha do que fazem. “Eu não ligo nem um pouco. Pode passar o parente que for, o amigo que for. Eu vou estar varrendo de cabeça erguida porque tenho orgulho do que eu faço”, declarou o ex-operador de máquinas. Para ambos, o que causa incômodo mesmo é a falta de educação de parte dos londrinenses. “Tem gente que passa do nosso lado e não tem coragem de jogar o lixo que carrega dentro do carrinho, faz questão de atirar no chão mesmo vendo que nós estamos limpando”, observou Antônio.

Na opinião dele, todo cidadão deveria se comprometer com a limpeza da frente dos domicílios e dos estabelecimentos comerciais. “Se cada um fizesse a sua parte e varresse a frente da sua casa, ou sua loja, com certeza o nosso serviço ficaria mais fácil, e a gente desenvolveria o trabalho com mais agilidade. Mas o que a gente vê por aí não é isso. As pessoas não se importam, acham que não é obrigação delas. Muitos ainda deixam crescer mato nas calçadas, o que faz com que o lixo fique preso e dificulte a limpa”, contou o trabalhador.

gari 2Obrigação - De acordo com o Código de Posturas do Município, Lei 11.468/2011, todo morador, comerciante, prestador de serviço e industrial da cidade é responsável pela limpeza e conservação da calçada em frente à sua residência ou estabelecimento. O desrespeito à norma pode render multa que varia de R$ 60 a R$ 3 mil. A mesma lei também proíbe o lançamento de quaisquer tipos de resíduos em vias públicas, passeios, áreas verdes, bueiros, terrenos privados ou pertencentes ao poder público. Além da legislação municipal, o descarte de lixo pela janela do carro é considerado infração de natureza média pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB), com perda de 4 pontos na carteira de habilitação e multa de R$ 130,16.

Para reforçar a disponibilidade de recipientes para a acomodação do lixo e, consequentemente, facilitar as atividades de limpeza, a CMTU instalou, do ano passado para cá, cerca de 822 lixeiras nas áreas públicas de Londrina. Entre os locais contemplados estão praças, áreas de lazer, pontos de ônibus e ruas e avenidas com grande circulação de pedestres.

De acordo com o gerente de Limpeza Urbana da CMTU, Álvaro do Nascimento, a atuação dos varredores é essencial para manter a cidade limpa. Ele exalta a importância dos profissionais e avalia que as condições de trabalho poderiam ser bem melhores caso houvesse apoio da população. “O pessoal da varrição desempenha um papel fundamental. Infelizmente, a falta de comprometimento de parte dos moradores, que não tem consciência ambiental nem empatia com o esforço desses trabalhadores, prejudica o desenvolvimento das ações de conservação. Precisamos mudar essa cultura o quanto antes, valorizando o labor de quem cuida do nosso município”, destacou o gerente. 
 

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